Viver fora da cidade | A minha experiência e dicas

By Liz Soares - setembro 12, 2018

Para as pessoas mais distraídas, sou formada em Esteticismo, Cosmetologia e Massagem, e graças a esse curso, tive que viver fora de casa dos pais. Não é um curso superior, infelizmente, mais devia de ser, uma vez que trabalhamos, também, com a saúde do/da paciente/cliente.

É um assunto que pode ajudar muitas meninas e até meninos que se encontram neste preciso momento, orientar a sua vida fora de casa dos pais. Vou falar da minha experiência muito rapidamente - ou tentar - e dar dicas para os iniciantes. NOTA: cada caso é um caso.


Alugar casa:
Fui viver para a Maia em 2013. Arranjei um quarto à última da hora e fiquei por 2 meses. Dividi casa com um trabalhador e um estudante. Era a única rapariga e queria sair de lá rapidamente porque não me identificava nada. Passei para outra casa, durante 3 meses. Era uma senhora que vivia lá e alugou o quarto. Apesar de ser ligeiramente longe e não podia me encontrar com ninguém, mas tinha sempre comida feita, roupa lavada e quarto arrumado. Mas houve umas situações bastantes desagradáveis e arranjei logo outra casa. Como tinha o mês de Agosto de férias, em Julho arranjei casa para Setembro e permaneci 1 ano. Aliás, apartamento, 1 casal e 1 criança. Forneceram-me a suite deles para ter mais privacidade. Tinha direito a tudo, às vezes chegava a casa e jantava com eles e outras dias éramos independentes.

Adorei viver na última casa porque era algo mais familiar, não me colocavam de parte, comunicavam e preocupavam-se comigo. Apenas pediam para, caso não dormisse em casa ou chegasse mais tarde, para avisar para leve consciência. Tinha café ao lado, convivia com eles, com os amigos e fui conhecendo outras pessoas.

Por um feliz acaso, também conheci o meu namorado e amigos que ainda permanecem. As colegas de curso, não permanecem. Não comunicamos, mas se for necessário um "feliz aniversário" ou "feliz natal" é enviado. Por vezes, nunca recebido. Adiante.


No curso:
Era a única pessoa de longe, sendo que as outras colegas eram próximas umas das outras. Era a única com pronúncia diferente, hábitos diferentes, não era compreendida por viver sozinha ou fora da minha cidade. Contudo, tentei dar-me bem com toda a gente, afastava-me de quem não identificava, estudava, tinha boas notas e era responsável com as minhas coisas, contas, estudos, saídas, horários a cumprir. Realmente, adorei - e tenho saudades - da vida que tinha lá.

Tinha bom horário, entrava às 14h, almoçava em casa ou almoçava algo rápido fora, tomava café com uma amiga minha, por norma, e íamos para as aulas. Mantive-me num grupo de 3 raparigas, dava-me bem com mais 2 e ainda estava incluída no top 5 melhores da turma (tendo em conta que uma safava-se muito bem a copiar e detestava isso, para além do top 5 que equivalia a competitividade).

Mas houveram situações mais desagradáveis, os trabalhos de grupo no fim de semana eu não podia ir porque vinha a casa para estar com a minha família, saídas com elas aos sábados também era inexistente, mas contudo, funcionávamos bem a trabalhar. Chegava a fazer tpc's, acabar trabalhos e estudar no metro e no comboio, só para aproveitar o fim de semana ao máximo e matar horas mortas nos transportes públicos.


No geral: 
A rotina era, segunda feira apanhava comboio e metro, estava na Maia até sexta feira. Saía às 20h e apanhava novamente transportes públicos, por norma, sempre acompanhada com 2 amigas minhas.
Fazia almoço ou quando acordava mais tarde, fazia um pequeno almoço maior ou ia comer algo fora, baratinho. Deitava-me tarde porque tinha horário sempre fixo.
Chegava a casa às 20h10, fazia jantar ou já tinha algo preparado por mim ou pelos senhorios da casa. Tive muito tempo sem sair à noite porque conhecia muito pouco a zona. Tinha um café ao lado do prédio e comecei a frequentar com os senhorios, conhecer outras pessoas. E fui saindo, colocando "tomar café" após o jantar e o banho. E provavelmente, foi a altura mais feliz da minha vida.
Ah e também tive estágio. Estagiei na minha cidade e estagiei em Vila Nova de Gaia numa pessoa conhecida. Aí, levantava-me mesmo muito cedo e chegava ligeiramente tarde a casa. Andava com os sonos trocados e ficava muito cansada. Mas correu tudo bem.


Dicas: 
Escolher bem a casa - contar com a localização, se as despesas estão incluídas ou não, as pessoas que lá vivem, que compartimentos das casas partilham, valor.

Adaptação da casa - perceber que horários tu e as outras pessoas praticam. O que pode calhar mal é, horário de refeição, horário do banho e horário diurno/nocturno. Podes ficar chateada pela cozinha estar ocupada e não puderes cozinhar. Mas se o fogão tiver 1 ou 2 bicos livres, consegues perfeitamente fazer a tua refeição, de modo organizado. Se achares que a outra pessoa está a ocupar tudo, diz-lhe. Não tenhas medo de comunicar. Só assim é que há organização. Acontece com o horário do banho ou caso acordares muito cedo, precisas de descansar cedo.

Respeito e Comunicação - ao encontro do tópico de cima. "Para seres respeitado, tens que respeitar". Acontece o mesmo, caso o/a teu/tua colega de casa não o faz. Diz-lhe. Deixa um bilhete ou uma mensagem que precisas de "casa de banho livre às X horas" ou "preciso da máquina de lavar às X horas" caso não leves para casa ou não mistures com os/as colegas.

Responsabilidade - com contas, com os horários, escolhas, tudo. Vais decidir tudo por ti e para ti. Os teus pais já estão preocupados e tu podes ajudar a aliviar essa preocupação. Pede para tratar das contas, pagas tudo ao dia, garantes que as despesas são pagas, seja a dividir ou não. Ter noção que o dinheiro é contado, os teus pais estão a pagar-te para estudares e cresceres. Não deixes facilitar, o senhorio ainda acha que és um/uma miúdo/miúda e podes comprovar que estás a crescer.


Sê tu mesmo/a - referente às aulas, faculdade, rotina escolar... sendo tímido/a ou extrovertido/a, consegues tudo na mesma. Não fujas de nada porque vai ser a tua casa durante, 3 anos no mínimo. Apresenta-te, comunica, nem que seja para disfarçar que não sabes o horário ou a sala ou onde é a secretaria. Começa-se aos bocadinhos. Não forces o que não és. Não precisas de ser "fixe" porque ninguém é mais "fixe" que ninguém. São todos iguais, todos caíram de paraquedas.

Organização - tens que fazer tudo sozinho/a. Organizar tempo é a base de tudo. Seguir o teu horário, fazer um planner, com lidas da casa, estudar e sair. Podes começar assim e após a rotina estar encaixada, é automático.

Aproveitar a vida - faz parte e deves fazê-lo! De forma consciente e tranquila. Não deixes que te pressionem, que tens que acabar o curso em 3 anos, que tens que tirar boas notas. Isso deves saber desde do primeiro instante que recebeste o e-mail como "Colocado". Há tempo para amigos, para descobrir e mudar de vida.

Desejo boa sorte a todos/as!

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